Campanhas salariais em tempos de crise

Campanhas salariais em tempos de crise

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As campanhas salariais deste ano foram, e continuam sendo, muito complexas. Desemprego, falta de investimentos, produção e consumo em baixa, juros altos, crédito caro e o já costumeiro hábito dos patrões de culpar a recessão econômica para não fechar bons acordos. Trabalhadores de todos os setores de atividade têm, igualmente, passado por isto. Nem mesmo a leve retomada do emprego formal trouxe algum alento durante as negociações das datas-bases.

Além da situação econômica ainda deteriorada, e do consequente “empate técnico”, hoje comum ao término das negociações, persiste o receio do trabalhador em, de repente, ser demitido e ter agravada sua já delicada situação. O que os patrões fingem não perceber é que, se as coisas não estão boas para eles, estão piores para o conjunto dos trabalhadores, sempre o lado mais vulnerável do cabo de guerra capital/trabalho.

Um trabalhador descontente, acuado, pressionado, ganhando menos do que merece e trabalhando mais do que deveria, com dívidas acumuladas, problemas de relacionamento familiar provocados pelo quadro que enfrenta e, ainda, com a angústia e o medo de ser dispensado, acaba por tornar-se incapaz de produzir o que dele esperam e, consequentemente, um seriíssimo candidato ao desemprego.

Já um trabalhador satisfeito com a segurança de seu emprego, que não se sinta ameaçado de demissão, que receba, em dia, salário compatível com a função que exerce, vai trabalhar melhor, produzir mais e, desta forma, trazer mais lucro para a empresa, reaquecendo, assim, a economia. Um círculo virtuoso de fácil compreensão!

Nós, sindicalistas e trabalhadores, temos de ser protagonistas desta luta por dias melhores para todos e pela retomada econômica do Brasil. Necessitamos de trabalho decente e salários dignos. Nossa data-base é uma vez por ano, e não podemos ter nossos vencimentos achatados, nossos direitos suprimidos, e o sustento de nossas famílias ameaçado por conta de uma crise pela qual não somos, nem de longe, responsáveis.

Não podemos arcar com este pesado fardo!

João Carlos Gonçalves, Juruna
Secretário-geral da Força Sindical e
vice-presidente dos Metalúrgicos de São Paulo

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