O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é um momento de reflexão para avaliar os avanços e desafios do movimento negro em nosso país.
Nesta data, quando também celebramos a memória e força de Zumbi dos Palmares, destacamos grandes conquistas como o Estatuto da Igualdade Racial, Legislação de combate ao racismo, cotas raciais nas universidades públicas e no serviço público federal, a Lei nº 10.639, que insere o ensino da história e cultura da África e afrodescendentes no currículo de escolas públicas e privadas, entre outras.
Apesar disso, sabemos que ainda existem grandes desafios para a plena inserção, com dignidade, do negro (a) na sociedade e no mercado de trabalho.
Pesquisa do DIEESE sobre a inserção da população negra no mercado de trabalho, divulgada na semana passada, mostra que apesar de representar a maior parte da população brasileira, com 117 milhões de pessoas (56,1% do total), a taxa de desocupação entre os homens negros é de 12% enquanto a dos não negros é de 8,2%. A falta de emprego é ainda mais grave quando olhamos para as mulheres negras, cuja taxa de desocupação é de 16,7% e das mulheres não negras é de 11%.
Os dados acerca da diferença salarial entre negros e não negros se mostram também alarmantes, variando amplamente conforme cada estado brasileiro. As maiores distâncias salariais foram identificadas no Ceará, em São Paulo e no Rio de Janeiro, em que as remunerações da população negra são em média, respectivamente, 48%, 44% e 43%, menores que a da população não negra.
A desigualdade nas relações de trabalho entre negros (as) e não negros (as) se caracterizam por uma maior presença de negros (as) nos setores e ocupações com piores condições de trabalho e menor grau de qualificação, que, em regra, apresentam os menores salários e são mais atingidos pela rotatividade de mão de obra. O Brasil possui uma dívida histórica com a população negra, dívida esta que só faz perpetuar discriminações e reproduzir desigualdades.
Vivenciamos um período extremamente conturbado, por isso seguimos na resistência e na luta por direitos e por respeito, independentemente das ideias de nossos governantes.
A união e organização da sociedade fortalecerão as ações que promovem a igualdade racial, lutando por medidas que permitam o acesso e permanência estudantil, qualificação profissional, acesso à saúde, saneamento e habitação popular, maior inserção do negro nos processos políticos, bem reconhecimento cultural.
Francisco Carlos Quintino da Silva,
Coordenador do Departamento de Relações Étnicos-Raciais da FEQUIMFAR e
Presidente do Sindicato dos Químicos de Rio Claro