Sindicalistas afirmam que nada se sabe sobre os termos da negociação e temem perda de competividade da indústria nacional
As centrais sindicais querem que o acordo entre Mercosul e União Europeia seja integralmente revisto e já pediram reunião com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin. A CUT, braço sindical do PT, é uma das maiores defensoras da revisão.
A pressão ocorre após declaração do presidente Lula de que pretende fechar o acordo o quanto antes. A preocupação das centrais é que a indústria nacional perca competitividade com o aumento de importações de produtores europeus.
As lideranças sindicais reclamam que pouco se sabe sobre os termos das negociações do acordo com a União Europeia.
No final de setembro, durante viagem aos EUA e México, o presidente Lula afirmou em discurso que espera concluir o acordo ainda neste ano.
Com as negociações concluídas desde 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, o texto ainda não foi ratificado pelos dois blocos.
As conversas técnicas estão avançadas. A ideia é tentar concluir as negociações técnicas o quanto antes, à espera de um momento político propício para submeter o texto ao parlamento europeu.
“Tem muita incerteza em torno deste acordo. Queremos discutir principalmente como serão feitas as compras governamentais, quais setores terão imposto diminuído. Esse é o pressuposto mais importante. Não somos contra, mas queremos participar do debate e saber mais sobre o acordo, já sofremos muito com o comércio na China”, diz Sergio Luiz Leite, vice-presidente da Força Sindical.
No documento, que ainda passa por ajustes finais, as centrais vão pedir que seja reduzida a dependência do país a bens de produção industriais importados, principalmente os de alta e média tecnologia, fortalecendo a produção nacional.
Outro ponto que estará em discussão com Alckmin envolve uma agenda de reindustrialização das chamadas “regiões industriais maduras”, atualmente previsto em uma resolução do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
A ideia é acelerar os investimentos em polos industriais como a região do ABC Paulista, Camaçari (BA) e São José dos Campos, por exemplo. As centrais pedem que o governo imprima um ritmo de fomento mais articulado.
Além disso, outros pontos do documento englobam temas como qualificação profissional alinhada às necessidades da nova industrial e o acesso de micro e pequenas empresas do setor aos programas e recursos previstos nas diretrizes governamentais.