Aliados de Lula e representantes de esquerda e centro fazem ato em defesa da democracia em SP

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Foto: Rubens Cavallari/Folhapress

Evento do grupo Direitos Já! tem presença de 14 partidos e discursos focados na eleição de 2026

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), aliados do presidente Lula (PT) e representantes de partidos de esquerda e de centro se reuniram na noite desta segunda-feira (15), em um ato em defesa da democracia promovido pelo grupo Direitos Já!, no teatro Tuca, em São Paulo.

O evento, com mais de três horas de duração, teve discursos exaltando a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e com críticas ao tarifaço de Donald Trump. Houve um pedido para que os presentes se abraçassem em celebração à democracia e, em um telão, foram exibidas fotos de signatários de manifestos dos Direitos Já! que já morreram.

“Se perderam a eleição e tentaram dar um golpe, imaginem se tivessem ganhado a eleição? Não pode haver delito maior a um político do que tramar contra a democracia brasileira. E fez muito bem o poder Judiciário”, disse Alckmin durante sua fala.

Alckmin fez uma série de comparativos entre o governo atual e o de Bolsonaro, citando as mortes pela pandemia de Covid-19 e ironizando o déficit deixado pelo “Paulo Guedes, aquele Chicago boy”.

O ministro Gilmar Mendes, do STF, fez uma rápida aparição, enquanto integrantes do MDB, do PSD e do PSDB, partidos que integram a base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, discursaram.

Afilhado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio tem articulado pela anistia ao aliado no Congresso Nacional e promoveu duros ataques ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes na manifestação de 7 de Setembro na avenida Paulista.

Gilmar circulou apenas nos bastidores e foi embora antes do início oficial do encontro, às 18h45, afirmando ter outro compromisso. Antes, ele havia comparecido a outro evento na capital paulista e criticado o voto do colega Luiz Fux no julgamento de Bolsonaro na trama golpista.

No Direitos Já!, questionado pela Folha se houve algum desconforto na corte após o voto de Fux, o ministro disse que não comentaria: “Não vou emitir juízo sobre isso”, disse Gilmar.

Ele disse ter comparecido ao plenário da Primeira Turma, no último dia de votação, para mostrar “que o tribunal está unido na defesa da democracia” e acrescentou não acreditar que o Congresso Nacional vá votar a anistia a Bolsonaro.

Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias participou do evento, assim como o presidente nacional do PT, Edinho Silva, o ex-ministro José Dirceu (PT) e a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Dias disse ser importante a presença de integrantes de diversos partidos e de aliados estrangeiros no evento. “Não é só no Brasil que a democracia é atacada. É no mundo inteiro”

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) enviou um vídeo destacando a importância do evento.

Criado em 2019 em protesto ao governo Bolsonaro, o Direitos Já! ajudou na articulação da frente ampla de esquerda e centro-esquerda para derrotar o então presidente nas eleições de 2022.

O evento desta segunda iniciou com a leitura de uma carta pedindo a defesa da democracia e entregou mensagens do cardeal Dom Odilo Scherer, do secretário-geral da ONU, António Guterres, do músico Ivan Lins e de congressistas estrangeiros –um dos motes do ato era a defesa da soberania nacional.

O presidente do PT, Edinho Silva, ao discursar, pediu que não se tenha o receio de caracterizar o fascismo como tal.

“É evidente que na semana passada a democracia obteve uma vitória, isso é inquestionável. Mas não significa que nós tenhamos vencido nosso principal inimigo”, disse ele. “Não podemos ter receio da caracterização. O fascismo está em ascensão no mundo e no Brasil. Trump é o maior líder fascista do século 21 e não podemos ter receio dessa caracterização”, acrescentou.

Presidente municipal do PSDB, José Anibal disse que bolsonaristas “não falam em democracia, eles falam em liberdade” e que, mesmo após a condenação de Bolsonaro, aliados “já estão nas ruas fazendo campanha”.

José Dirceu e Clóvis Carvalho, que foi ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, posaram juntos para fotos como dois ex-ocupantes do mesmo cargo em momentos no qual PT e PSDB polarizavam nacionalmente.

Ambos deram destaque à necessidade de “mudar o Congresso Nacional em 2026”.

Cada estado tem direito a eleger três senadores, e duas dessas vagas estarão na disputa eleitoral do ano que vem. Como a casa tem o poder de pautar processos de impeachment de ministros do STF, os partidos alinhados ao bolsonarismo têm tratado a disputa para o Senado como prioridade.

O próprio Bolsonaro, em ato na avenida Paulista em junho deste ano, declarou que quem conseguir o apoio da maioria na Câmara e no Senado terá mais poder que o presidente da República.

Segundo os organizadores, havia representantes de 14 partidos políticos de centro e de esquerda no evento. Discursaram integrantes das siglas PT, PSOL, PCdoB, Rede, PDT, PV, Solidariedade, PSDB e MDB.

Du Altimari (MDB), ex-prefeito de Rio Claro, fez um discurso em nome do presidente nacional de seu partido, Baleia Rossi, a quem elogiou pela “qualidade importante que é fazer com que todas as correntes sejam representadas no MDB, sempre defendendo a democracia”. Baleia, assim como outros líderes partidários de centro e direita, é aliado de Tarcísio de Freitas, cotado como presidenciável no próximo ano.

Participaram do ato as atrizes Marisa Orth e Leona Cavalli, assim como representantes da sociedade civil, sindicalistas, acadêmicos e empresários. O ex-deputado federal Almino Affonso (PSB) foi homenageado pela defesa à democracia, assim como Fernando Guimarães, coordenador dos Direitos Já!.

Fonte: Folha de S. Paulo – Juliana Arreguy

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