Centrais preparam ato e tentam interlocução com o governo

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Fora da agenda, Guedes disse a dirigentes da Força não ter proposta fechada. Antes, recebeu Kim Kataguiri e sua frente pró mercado, justamente para falar de Previdência. Hoje, reúne-se com Bolsonaro

Representantes das centrais sindicais se reuniram hoje (14) na sede do Dieese, em São Paulo, para organizar o ato do próximo dia 20, na Praça da Sé, em defesa da Previdência Social. Ao mesmo tempo, buscam interlocutores no governo, enquanto esperam definição da proposta de “reforma” a ser apresentada. Ontem, dirigentes da Força Sindical foram recebidos fora da agenda oficial pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que informou ainda não ter um projeto fechado.

A agenda pública de Guedes tem para esta quinta-feira apenas dois compromissos, com o presidente Jair Bolsonaro, às 15h, e às 17h com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ontem, ele recebeu uma recém-lançada frente parlamentar pelo livre mercado, liderada pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do Movimento Brasil Livre, justamente para para falar de Previdência.

“Deixamos claro nossas preocupações, que a reforma não seja uma terra arrasada, prejudicando os direitos dos trabalhadores, quem ganha menos”, relatou o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, que participou da reunião em Brasília ao lado do presidente da central, Miguel Torres e do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), entre outros. Também estavam lá o secretário especial da Previdência, o ex-deputado Rogério Marinho – relator da “reforma” trabalhista – e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-SP).

Segundo Juruna, o ministro foi “receptivo” e defendeu a mesma idade mínima para homens e mulheres, 65 anos, mas admitindo que essa ideia “não passa” no governo e que seria preciso esperar o retorno de Bolsonaro para fechar a proposta a ser levada ao Congresso. “Idade igual para homem e mulher não dá”, diz o dirigente da Força.

Diálogo
Uma semana atrás, o presidente da CUT, Vagner Freitas, foi recebido pelo vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, e afirmou que a central não aceita reforma que tire direitos. Aproveitou para informar sobre o ato – “assembleia nacional da classe trabalhadora – marcado para o dia 20.

Essas conversas mostram que o movimento sindical tem conseguido algum espaço de diálogo com o governo, observa o secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, mas mesmo assim a proposta a ser feita deverá ser ruim para os trabalhadores. “O governo não divulgou, mas não temos dúvida de que muita coisa vem para tirar direitos”, avaliou.

Ainda assim, ele acredita que o Executivo não conseguirá aprovar mudanças com facilidade. “É um negócio muito sensível para o povão, mexe com todo mundo. Então, eles vão ter de recuar, negociar.”

Juruna e Wagner acreditam que o ato na Sé, daqui a seis dias, deverá reunir pelo menos 10 mil pessoas. “É um início de mobilização”, afirma o secretário-geral da CTB. “Estamos com as outras centrais e vamos entrar no debate. É um passo inicial, o início de um processo de debate, com o Congresso Nacional, com os governadores. Acho que a reforma precisa ser feita, até para acabar com certos privilégios”, acrescenta o dirigente da Força.

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