Entre conquistas e demandas: o Brasil que ecoou no 1º de Maio

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Por Sergio Luiz Leite, Serginho

O Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, celebrado em 1º de maio, foi marcado neste ano de 2025 por um ato unificado das Centrais Sindicais brasileiras, que se reuniram em São Paulo sob o lema “Por um Brasil mais justo: Solidário, Democrático, Soberano e Sustentável”. Em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estiveram presentes os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Cida Gonçalves (Mulheres) e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), demonstrando abertura do governo para ouvir as demandas do movimento sindical.

O evento aconteceu na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista, e atraiu milhares de pessoas em um dia que combinou celebração cultural e afirmação política. O encontro, promovido por Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública – além da participação da CUT como convidada – proporcionou aos trabalhadores e trabalhadoras um momento de lazer com shows de música popular, sorteio de automóveis e, sobretudo, escuta ativa das falas de lideranças sindicais e políticas. Outras comemorações do 1º de maio organizadas por sindicatos dos químicos pelo estado de São Paulo também reuniram milhares de pessoas em cidades como Guarulhos, Salto, São João da Boa Vista e Itapecerica da Serra.

A combinação entre festa e luta não é casual: o resgate do Primeiro de Maio nos moldes anteriores, com presença popular e diversidade de pautas, tem se mostrado eficaz para dialogar com diferentes públicos em um país polarizado e marcado por fake news. Justamente nesse ambiente mais descontraído, o diálogo com a base se torna mais acessível e produtivo – um avanço importante diante dos desafios atuais da comunicação.

Ao longo do ato, foi reafirmada a plataforma de reivindicações construída durante a Plenária Nacional e a Caminhada à Brasília, entregue diretamente ao presidente Lula e ao vice-presidente Geraldo Alckmin. Mesmo com avanços importantes nos últimos anos, como a queda da taxa de desemprego (que chegou a 6,2% em 2024), a valorização do salário mínimo (com ganho real acumulado de 8,82% desde a retomada da política) e os resultados positivos das negociações coletivas (com 81,4% dos reajustes acima da inflação entre 2023 e 2024), o custo de vida segue como um dos principais desafios enfrentados pela população trabalhadora.

Um dos pontos mais sensíveis é a alimentação: a inflação no grupo “Alimentação e bebidas”, segundo o INPC-IBGE, acumulou alta de 7,66% nos últimos doze meses – acima do índice de inflação geral médio, que foi de 5,32%. Isso afeta com mais força as famílias em situação de vulnerabilidade, em que os alimentos representam uma fatia maior do orçamento doméstico.

Outra pauta que encontra enorme apoio e solidariedade entre todo os trabalhadores e trabalhadoras – independente do regime de trabalho – consiste na reivindicação pela redução da jornada de trabalho. A agenda do movimento sindical aponta para esta demanda como prioridade, redução da jornada de trabalho sem corte de salários – com foco na aprovação de uma legislação que estabeleça ao menos a jornada semanal de 40 horas e a revisão de escalas desumanas, como o regime 6×1, por meio da negociação coletiva.

Também está na pauta o apoio à proposta do governo federal que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e estabelece tributação mais justa sobre os mais ricos. As Centrais Sindicais defendem ainda medidas concretas para reduzir estruturalmente a taxa básica de juros e os spreads bancários, buscando preservar e impulsionar o ritmo da atividade econômica, gerando empregos de qualidade e enfrentando a crescente informalidade e precarização dos postos de trabalho.

Essas bandeiras expressam a iniciativa do movimento sindical em unir mobilização popular e ação institucional efetiva. O 1º de Maio segue como data de luta e memória, lembrando que cada direito foi conquistado com organização, unidade e resistência. O momento exige compromisso redobrado: é preciso enfrentar o avanço dos preços dos alimentos, os juros altos – mesmo sob uma presidência do Banco Central indicada pelo atual governo – e o impacto das fake news no debate público. Para avançar, é fundamental escutar as ruas e as comunidades na construção de políticas centradas no trabalho digno como base para um desenvolvimento justo e inclusivo.

Sergio Luiz Leite, Serginho
Presidente da FEQUIMFAR e
Vice-presidente da Força Sindical

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