Reduzir a jornada é preciso – e é possível

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Por Sergio Luiz Leite, Serginho

Está lançado o Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo. Até o dia 7 de setembro, milhões de brasileiros e brasileiras poderão responder a duas perguntas simples, mas poderosas:

1. Você é a favor da redução da jornada de trabalho sem redução salarial e do fim da escala 6×1?

2. Você é a favor de que quem ganha mais de R$ 50 mil pague mais imposto para que quem recebe até R$ 5 mil não pague imposto de renda?

A proposta é clara: mais tempo para viver, mais justiça na hora de cobrar os impostos.

Plebiscito popular – Por um Brasil mais justo

Jornada menor, vida melhor

No Brasil, a jornada semanal média dos assalariados é de 41 horas e 30 minutos – no setor formal, chega a 43 horas e 20 minutos. De um lado, mais de 77% dos trabalhadores formais cumprem jornadas superiores a 40 horas por semana, e 13,5% ultrapassam as 48 horas, o que eleva os riscos de adoecimento e acidentes. Na outra ponta, 4,9 milhões de pessoas estão subocupadas – ou seja, trabalham menos do que gostariam. Somando subocupados, desempregados e desalentados, são aproximadamente 16 milhões de brasileiros subutilizados no mercado de trabalho.

Reduzir a jornada e redistribuir o tempo de trabalho é o caminho para enfrentar esse desequilíbrio. Além de melhorar a saúde física e mental de quem trabalha, a redução da jornada pode gerar até 3,6 milhões de novos postos formais de trabalho, segundo estudos do DIEESE. E ainda aumentar a massa salarial em mais de R$ 9 bilhões, movimentando a economia brasileira.

Devemos lembrar que a luta pela redução da jornada e pela correção da tabela do Imposto de Renda é uma pauta histórica do movimento sindical brasileiro – e ganha ainda mais força na atualidade. Em diversas categorias, a negociação coletiva já garantiu avanços concretos: no setor farmacêutico, por exemplo, a jornada de 40 horas semanais está em vigor desde 2008, fruto direto da mobilização sindical e trabalhista.

A conta não fecha para quem lucra demais

De 1995 a 2019, a produtividade do trabalho cresceu no Brasil, segundo o IBRE-FGV. Mas esse ganho não se transformou em mais tempo livre, nem em melhores salários. Pelo contrário: a desigualdade aumentou. Hoje, os 10% mais ricos concentram quase metade da riqueza do país. Já os 50% mais pobres ficam com apenas 9% da renda nacional.

Além disso, a Reforma Trabalhista de 2017 facilitou jornadas exaustivas por negociação individual e abriu espaço para manobras como a pejotização e o contrato intermitente, precarizando o trabalho e ampliando as longas jornadas. O resultado está nos números: o Brasil tem o segundo maior índice de mortes por acidentes de trabalho entre os países do G-20.

Ou seja: trabalhamos mais, produzimos mais, mas os frutos desse esforço não são repartidos. Ao contrário do discurso patronal, trabalhador descansado e valorizado produz mais e melhor. Reduzir a jornada é um passo essencial para uma transição justa rumo a um Brasil menos desigual.

Atualmente, quem ganha dois salários mínimos já paga imposto de renda – enquanto grandes fortunas e lucros distribuídos seguem quase intocados. A proposta do plebiscito é clara: quem ganha até R$ 5 mil por mês deve ser isento, e quem ganha acima de R$ 50 mil deve pagar mais. Em vez de cortar direitos, o país precisa corrigir as distorções do sistema tributário, que penaliza os mais pobres e protege os super-ricos.

Hora de agir

Esse plebiscito popular não é apenas uma consulta simbólica: é um instrumento de mobilização, conscientização e pressão. Mostrar que o povo quer mudanças reais é o primeiro passo para forçar o debate no Congresso Nacional.

Porque jornada menor é mais tempo com a família. É menos adoecimento. É trabalho digno para mais gente. É um Brasil mais justo. Vote! Participe do plebiscito popular. Organize sua comunidade, sua escola, seu local de trabalho. Vamos virar esse jogo.

Sergio Luiz Leite, Serginho
Presidente da FEQUIMFAR e
Vice-presidente da Força Sindical

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