Dia da Consciência Negra: Na paciência, persistência e resistência

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Por Francisco Quintino

No 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, celebramos a memória de Zumbi dos Palmares, data importante de reflexão para todos os brasileiros pelo simbolismo de luta contra a exclusão, preconceito e racismo. E não recuar diante das dificuldades, considerando os fatos históricos de atrocidades dos 350 anos de regime escravocrata que deixaram marcas profundas de dor e humilhação ainda permanentes na comunidade afro-brasileira.

Este ano de 2017 apresenta vários aspectos de retrocesso nas relações de trabalho, dados estatísticos da economia trazem cenário de empobrecimento e exclusão, com cerca de 14 milhões de brasileiros desempregados, e inegavelmente isso atinge muito mais negativamente a comunidade negra no mercado de trabalho. Há sempre desvantagens em qualquer leitura que se faça nos aspectos socioeconômicos dos levantamentos realizados por institutos de pesquisas.

Não há expectativa em curto e médio prazo que a economia volte a crescer de modo significativo, o ano de 2018 aponta ser ainda muito difícil, até por ser de eleição para Presidência da República, pois muitas decisões econômicas dependem do panorama político, num clima de incertezas que podem ser suprimidas apenas com abertura das urnas e resultados das eleições.

Nos últimos anos, entre 2003 e 2013, observou-se avanços importantes nas políticas públicas e com economia bombando permitiram inclusão social, de modo que negros e negras por méritos próprios, e também através da constitucionalidade das cotas universitárias e algumas ações igualdade de oportunidades no mercado de trabalho ascenderam na escala social. E, lamentavelmente, a atual conjuntura de crise econômica retrocede com enormes perdas de renda e qualidade de vida.

Quando se esperava mais avanços, o retrocesso da reforma trabalhista ou mesmo a deflação econômica destroem conquistas sociais importantes que, por mínimas que fossem, eram mecanismo de amortização de injustiças históricas. Por conta de que ainda persistem os efeitos do regime colonial no Brasil, que são dívidas que o país não demonstra vontade política e nem se esforça plenamente para quitá-las com os afrodescendentes.

Não se pode deixar vencer pelo desânimo, não se pode afastar da luta, seguir firmes é mais que preciso. A motivação é necessária para combater injustiças, discriminações, racismos e preconceitos, em qualquer ambiente que se manifestem. E por meio da educação propiciar conhecimento, qualificação, capacitação e discernimento. No mercado de trabalho seguir em busca de oportunidades para valorização profissional, melhorar a renda e qualidade de vida. Sempre!

Na paciência, persistência e resistência.

Francisco Carlos Quintino da Silva,
Coordenador do Departamento de Relações Étnicos-raciais da FEQUIMFAR,

Presidente do Sindicato dos Químicos de Rio Claro e 
Presidente do INSPIR – Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial (pela Força Sindical)

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