Por Edson Dias Bicalho
O dia 8 de março é uma data especial, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher.
Uma data em que reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa da igualdade de oportunidades, proteção à maternidade, combate à violência, assédio moral e sexual, entre outras questões, direitos e reivindicações. É uma data de reflexão, para continuarmos a luta iniciada pelas mulheres em 1857. Foi no dia 8 de março de 1857 que operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas – as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário-, equiparação de salários com os homens – as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho – e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Hoje, 164 anos após a greve e a morte de 130 tecelãs na fábrica de Nova York, há muito o que se lutar. Estamos há um ano vivendo com a pandemia de coronavírus, que afetou profundamente a vida dos trabalhadores, mas muito mais das mulheres. A necessidade de distanciamento social e a crise na economia provocou um retrocesso em muitas conquistas na área de gênero nos últimos anos. De acordo com pesquisas realizadas pelo Banco Mundial em 13 países da América Latina e Caribe, as mulheres trabalhadoras tinham 44% mais probabilidade do que os homens de perder o emprego no início da crise. No ano passado, à medida que os trabalhadores em situação de desemprego temporário começaram a reingressar no mercado de trabalho, as perdas de empregos persistiram em uma taxa mais elevada entre as mulheres: 21% das mulheres empregadas antes da pandemia relatam ter perdido o emprego.
Existem pelo menos três razões para elas estarem perdendo espaço no mercado de trabalho. Em primeiro lugar, as mulheres tendem a trabalhar em setores que foram mais afetados pela pandemia devido à necessidade de restringir as atividades presenciais, como o comércio, bem como em empregos em que é difícil trabalhar em home office. Segundo, uma elevada parcela das mulheres trabalha por conta própria e no setor informal, ou seja, em condições de trabalho precárias que tampouco se prestam ao trabalho remoto. Em terceiro lugar, devido às normas sociais da América Latina e Caribe, as mulheres continuaram a assumir o grosso nas tarefas domésticas, as quais aumentaram com o fechamento de escolas e a necessidade de cuidar de outros familiares em detrimento do tempo dedicado a outras atividades.
É nossa obrigação, enquanto cidadãos, lutar para que as mulheres sejam assistidas neste momento de pandemia quanto à renda emergencial e incluídas no plano de recuperação da economia. Isso é fundamental para a economia, para a sociedade e para as famílias. Devemos fomentar – e cobrar da classe política, das entidades e das empresas – políticas que ajudem a promover a equidade de gênero de forma sustentável.
Edson Dias Bicalho,
presidente do Sindicato dos Químicos de Bauru e Região
e secretário geral da FEQUIMFAR