Por Sergio Luiz Leite, Serginho
As festividades do 1º de maio, especialmente em São Paulo, no evento organizado pelas Centrais Sindicais, não foram o esperado em termos de público. Eis que na atual conjuntura, os trabalhadores brasileiros não têm muito que comemorar, afinal os dois últimos governos realizaram um desmonte de diretos trabalhistas, previdenciários e sindicais. Houve ainda uma ofensiva direcionada para enfraquecer a legítima representação sindical, com consequências nefastas nas relações de trabalho.
No entanto, é preciso lembrar, ao menos a cada 1º de maio, que a luta dos trabalhadores é ininterrupta e que somente de forma coletiva podemos almejar avanços. Nunca foi fácil para os trabalhadores, a luta é constante.
Apesar do público presencial não ter atingido o número previsto, o alcance do 1º de maio das Centrais foi consideravelmente ampliado. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras, mesmo nas regiões mais distantes do país, puderam acompanhar o evento pela transmissão ao vivo na TV e nas redes sociais. Isso demonstra que o impacto da iniciativa ultrapassou as lentes da imprensa e atingiu um público significativamente maior. Falamos para o Brasil e para o mundo! Apesar das críticas vindas do presidente Lula, o 1º de maio rendeu importantes debates e reflexões.
Por outro lado, sabemos que a força de mobilização do movimento sindical encontra-se fragilizada diante de uma onda de extrema direita que tem ganhado espaço na sociedade. Embora possua raízes históricas sólidas e conquistas significativas para os trabalhadores, os Sindicatos enfrentam um cenário que resulta do processo de ataques e reformas que desequilibraram a relação entre capital e trabalho.
Ainda que reconheçamos os avanços conquistados nesses 16 meses de governo Lula, zelando pela democracia com efetiva participação dos trabalhadores e pela recolocação da economia do país no trilho do desenvolvimento socioeconômico, a classe trabalhadora está distante de recuperar as garantias e direitos que lhes foram retirados nos últimos anos. As demandas dos principais grupos econômicos estão sendo encaminhadas, mas e as reivindicações trabalhistas? A reforma tributária atendeu boa parte dos setores econômicos, o Fundo eleitoral e partidário contemplou os partidos políticos, houveram ainda os recursos para a NIB (Nova Indústria Brasil), para o Novo PAC e o setor da construção civil e infraestrutura urbana, para o Plano Safra e o agronegócio, os recursos do BNDES para o fomento da economia em geral, dentre outras ações.
Reiteramos a pergunta anterior, mas e as reivindicações trabalhistas? É importante que o governo coloque em sua agenda o compromisso com propostas que discutam a revisão da reforma trabalhista, que promovam o fortalecimento da negociação coletiva, que regulamente o custeio sindical, que faça valer a aplicação da lei de igualdade salarial (ameaçada de litígio pelas empresas), que corrija a tabela do imposto de renda em todas as suas faixas isentando os salários de até R$ 5 mil, que defenda e recupere o papel fundamental do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), entre outras reivindicações constantes da Pauta da Classe trabalhadora.
Nesse contexto, surgem críticas de políticos, inclusive provenientes do próprio movimento sindical, que argumentam que o sindicalismo está falido! Ora, não está falido um movimento sindical que conquistou aumentos reais em 86% dos acordos realizados em 2023 e no primeiro trimestre de 2024, está? O movimento sindical tem resistido e assegurado, em suas Convenções Coletivas de Trabalho, direitos e conquistas que foram subtraídas da CLT pela reforma trabalhista.
Por tudo o que tratamos, precisamos reconstruir o ato do 1º de maio fazendo uma avaliação profunda e histórica, mas também pensando nas tendências futuras. Promover uma reestruturação significativa no formato e na organização desse marco importante na história do sindicalismo para que a celebração seja significativa e verdadeiramente represente e fortaleça a luta dos trabalhadores. Retomar parcerias, ampliar a nossa fala para todos os públicos, para toda a classe trabalhadora. Diante do surgimento de novas formas de trabalho, é essencial direcionar um olhar atento para a juventude, que representa uma parcela significativa da força de trabalho atual, buscando compreender suas demandas e necessidades específicas.
Reconhecemos que a dinâmica e as relações de trabalho têm passado por transformações profundas nos últimos anos, exigindo das entidades sindicais uma constante adaptação e busca por novos caminhos. Outro desafio é o combate às fake news na era digital e a construção de uma comunicação eficaz e transparente, capaz de fortalecer o diálogo com os trabalhadores e a sociedade em geral.
Aproveitamos ainda para trazer uma experiência mais localizada, dos Químicos da Força, em que a FEQUIMFAR e os Sindicatos filiados mobilizam ações na base com Festas do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora nas regiões de São João da Boa Vista, Itapira, Cosmópolis, Salto, Suzano, Sorocaba, Guaíra, Guarulhos, Vale do Ribeira, entre outros. Ao contrário das grandes celebrações nacionais, essas comemorações estão mais próximas da base, reunindo trabalhadores, promovendo a convivência e o fortalecimento da categoria.
Viva os trabalhadores e as trabalhadoras!
Sergio Luiz Leite, Serginho
Presidente da FEQUIMFAR e vice-presidente da Força Sindical