Com uma menor destinação de cana para a produção de açúcar e um aumento na produção de etanol de milho, a fabricação do biocombustível pelo país será recorde em 34,3 bilhões de litros em 2019/20 (abril/março), ante 33,8 bilhões no mesmo período da temporada passada, estimou nesta quarta-feira a consultoria JOB Economia.
A produção de açúcar do país deve cair para 28,3 milhões de toneladas (considerando centro-sul e Nordeste), ante 29,1 milhões de toneladas em 2018/19, reduzindo a exportação do adoçante brasileiro para estimadas 18,5 milhões de toneladas em 2019/20, menor nível desde a safra 2007/08, segundo a JOB.
“Ou seja, retrocedemos 12 anos em exportação de açúcar, significando que atualmente temos no etanol combustível opção melhor de uso da cana que no passado”, disse Júlio Borges, sócio-diretor da JOB, em relatório.
Os preços do açúcar no mercado internacional estão oscilando perto dos menores níveis em uma década, com grande produção em países da Ásia, como Índia e Tailândia, exercendo pressão sobre os valores do produto.
Na safra passada, a exportação de açúcar do Brasil foi de cerca de 20 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Já o consumo de etanol hidratado segue forte no país, com o produto competitivo frente à gasolina em alguns Estados, apontando para estoques baixos, com suporte aos preços, na entressafra, sinalizou o consultor.
Segundo a JOB, o consumo mensal previsto na safra atual para o etanol no centro-sul é de 2,5 bilhões de litros, enquanto nos primeiros cinco meses de safra o consumo mensal foi próximo de 2,7 bilhões de litros.
“Ou seja, o preço relativo etanol/gasolina na bomba deverá subir na entressafra para inibir o consumo”, disse a consultoria, avaliando que os estoques disponíveis para venda de açúcar e etanol, previstos para o final de safra, devem ser relativamente baixos.
Revisão de estimativas
A moagem de cana do centro-sul do Brasil em 2019/20 foi estimada em 579 milhões de toneladas, ante 568 mi t na previsão anterior e versus 573 milhões em 2018/19, com aumento na safra “devido a um clima mais favorável à lavoura”.
Vendo um mix da produção mais alcooleiro, devido aos preços relativos do etanol e açúcar, a estimativa de fabricação de etanol de cana do centro-sul foi elevada para 30,7 bilhões de litros, ante 28,5 bilhões na estimativa anterior, versus 30,9 bilhões em 2018/19.
No Nordeste, a oferta de etanol está sendo estimada praticamente estável, em 2,2 bilhões de litros.
Fonte: Roberto Samora / Reuters