Crise sanitária e desgoverno ameaçam empregos em setores químicos

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Balanço do emprego na indústria química no 1º quadrimestre de 2020

Após meses sem acesso aos dados de movimentação de emprego no mercado de trabalho formal, o governo finalmente divulgou o assim chamado Novo CAGED. A princípio foi publicada apenas uma síntese de resultados gerais e agora foram viabilizados os microdados, a partir dos quais é possível desagregar informações por setor de atividade econômica (Subclasse CNAE). Apesar destes microdados ainda não permitirem desagregações por gênero, escolaridade, faixa etária, salário etc. – como era possível até o ano passado – podemos agora ter um panorama geral do impacto da pandemia de coronavírus sobre as contratações e demissões de trabalhadores na indústria química brasileira e paulista.

Em 2020, a indústria química brasileira gerou nos meses de janeiro, fevereiro e março, respectivamente, 5,9 mil, 3,6 mil e 1,3 mil postos de trabalho. No mês de abril, invertendo esta trajetória, foram encerrados 10,4 mil postos. Ainda assim houve um moderado saldo positivo com a criação de 499 vagas no acumulado do primeiro quadrimestre. No entanto, a indústria química abrange uma série de subsetores, tais como, abrasivos, adubos e fertilizantes, defensivos agrícolas, álcool e biocombustíveis, fármacos, fibras, cosméticos, plásticos, químicos para fins industriais, tintas e vernizes, dentre outros; e cada um destes setores apresentou uma dinâmica particular diante da crise econômica e sanitária.

A fabricação de materiais plásticos possui a maior participação dentro da indústria química, representando 36% de todos os vínculos ativos. Neste setor o impacto da crise já foi perceptível no mês de março, quando foram encerrados 1,9 mil postos, agravando-se expressivamente no mês de abril com o fechamento de 11,3 mil vagas. A fabricação de materiais plásticos no Brasil encerrou 6,5 mil postos de trabalho no acumulado de janeiro a abril de 2020. A produção de álcool e biocombustíveis, por sua vez, apresenta neste período um saldo positivo de 3,8 mil vagas no Brasil, sendo puxado pelo início da safra na região Centro-Sul em 1º de abril, onde somente o estado de São Paulo foi responsável pela abertura de 4,7 mil vagas.

Na indústria química do estado de São Paulo podemos identificar um movimento semelhante. A produção de materiais plásticos, que corresponde a 34,6% dos vínculos da indústria química, fechou 3,8 mil vagas no quadrimestre considerado. A fabricação de químicos para fins industriais, segunda maior participação, equivalente a 15,3% do total de vínculos, terminou 242 postos de trabalho no mesmo período. No sentido contrário, a fabricação de produtos farmacêuticos, declarada atividade essencial desde o primeiro momento da pandemia, apresentou uma geração perene de vínculos, alcançando uma geração de 1 mil vagas. No acumulado de 2020, a indústria química paulista (considerados todos os setores mencionados anteriormente) apresentou um saldo de movimentação positivo com 2,1 mil postos de trabalho criados.

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