Um dos sindicalistas mais experientes do grupo dirigente da Força Sindical, Danilo Pereira da Silva carrega uma medalha de ouro em seu currículo. Às vésperas de completar seu terceiro mandato à frente da seção do Estado de São Paulo da central – a reconhecida Força Estadual -, ele não apenas triplicou o número de sindicatos filiados à entidade, como fez dela a primeira em número de entidades sob a sua bandeira.
“Aqui em São Paulo, a Força é maior do que a soma do tamanho da CUT e da UGT em sindicatos filiados”, orgulha-se Danilo, um trabalhador do setor químico que veio de seções de almoxarifado dentro das empresas. “Me acostumei a percorrer a fábrica inteira levando papéis burocráticos e, também, mensagens políticas e sindicais aos trabalhadores”, relembra, divertindo-se com a estratégia. “Desse jeito, fui ficando conhecido de muita gente, ganhando confiança e, sempre a partir dessa circulação intensa, organizando a minha categoria por melhores condições de trabalho e salários mais dignos”, sentencia.
Respeitado entre seu pares, Danilo assumiu a Força no Estado de São Paulo com 180 sindicatos, mas hoje pode exibir um rol de nada menos que 522 entidades filiadas. “Antes dessa crise braba, chegamos a ter 600 sindicatos entre nós. A missão é voltar a esse patamar e avançar de maneira sustentada na organização sindical”, aponta o sindicalista, que tem seu nome indicado pelo setor químico-farmacêutico paulista para seguir no comando da Força estadual a partir de junho desta ano, após o congresso regional que elegerá delegados para o 8º Congresso Nacional da central, marcado para a Praia Grande.
Ao BR:, o Danilo dos químicos, como também é conhecido, falou sobre seus planos:
– O sr. é candidato à reeleição para presidente da Força Sindical de São Paulo?
DANILO PEREIRA DA SILVA – Sou, e o motivo é forte: meu setor, o setor químico-farmacêutico, quer assim. Não sou candidato de mim mesmo. Nunca fui. Todos os mandatos que eu exerci, de presidente do Sindicato dos Químicos de São Paulo, de presidente da Federação estadual da nossa categoria e, agora, de presidente da Força estadual foram exercidos a partir da vontade do setor, das organizações da categoria. No ano passado, a Fequimfar reuniu seus 33 sindicatos filiados no Estado de São Paulo e mais uma vez escolheu meu nome. Essa missão me está sendo dada pelos meus dirigentes, não é uma questão pessoal.
– O sr. tem origem na categoria química. Como foi seu trabalho sindical neste setor?
DANILO – Me orgulho da minha origem. Nas fábricas, trabalhava na administração, na área do almoxarifado. Com isso, podia percorrer todos os setores, encaminhando a burocracia da empresa, mas também conhecendo a companheirada, fazendo o trabalho de defesa do sindicato e da discussão política entre nós. Presidi o Sindicato dos Químicos, numa gestão de grande respaldo da categoria, e assumi a Federação, a Fequimfar, que se tornou um exemplo de organização. Atualmente, são 33 sindicatos filiados, em constante movimentação e debate interno e com a fábricas. As campanhas salariais têm sido, historicamente, de muita mobilização. Na minha gestão, surgiu esse ótimo quadro do movimento sindical que é o Serginho (Sergio Luiz Leite, presidente da Fequimfar), que carrega muito bem nossa bandeira adiante. É um dirigente preparado, que foi maturado ao longo do tempo e agora está em posição de assumir responsabilidades cada vez maiores na luta permanente dos trabalhadores.
– Como o sr. tem conseguido manter esse respaldo por três mandatos consecutivos?
DANILO – Trabalhando para fortalecer os setores profissionais e as entidades de classe. O tempo todo mantenho contato com presidentes e diretores de sindicatos e federações, não atuo sem ter esse respaldo. No meu modo de fazer a gestão da Força Estadual, quem tem vez e voz são as categorias e suas organizações, e não pessoas dispersas e sem representatividade. Viajo muito ao interior, estou sempre consultando as lideranças sobre as decisões a tomar. Procuro sempre ouvir quem de direito. Essa é parte mais importante.
– Como se faz para estar perto das bases numa entidade que, de longe, a gente pode achar que concorre com as federações?
DANILO – Em primeiro lugar, somando forças e não dividindo. A seção estadual de uma central sindical como a Força joga um papel forte no apoio ao debate nacional que interessa aos trabalhadores, como a implantação dos contratos coletivos de trabalho por setor. Mas também tem meios de apoiar lutas específicas, emprestando sua estrutura e seu peso político. Se uma federação ou um sindicato enfrenta uma luta sindical direta, numa determinada fábrica, essa luta também é nossa. Vamos lá e apoiamos a greve, se estiver em curso, e também participamos das negociações. Temos sete escritórios regionais em funcionamento, carros de som, ativistas. O papel deles também é o de informar as categorias sobre o que está acontecendo em cada uma delas, para garantir um estado mais permanente de debate e mobilização. As federações conversam com os sindicatos dos seus setores. Nós temos um papel mais amplo, de estar em constante comunicação com todos os que representamos.
– Quais são eles?
DANILO – Hoje a Força Sindical de São Paulo tem entidades filiadas de 15 setores profissionais, todos eles com suas seções de aposentados. Estão conosco os trabalhdores químicos, da alimentação, os têxteis, os gráficos, o pessoal de serviços, os trabalhadores em telecomunicações, em telemarketing, os vigilantes, a variedade é grande. Acredito que estamos trabalhando bem, pois quando cheguei a Força tinha pouco mais de 150 sindicatos filiados e, agora, somos mais de 500. Acreditamos aqui no sindicalismo de resultados, passamos essa mensagem e fomos compreendidos, tanto que, em São Paulo, a Força tem a maior seção estadual de todo o país. Aqui, somos maiores que a CUT e deixamos longe a UGT. São Paulo é Força.
– Como o sr. avalia o processo, este ano, de eleição para a direção da Força estadual?
DANILO – Eu sou candidato do setor químico a prosseguir esse trabalho de crescimento e fortalecimento, a partir da presidência. O setor da alimentação, que também tem grande peso aqui dentro, indicou o companheiro Paçoca para a Tesouraria, e acho que isso deve ser acatado. Nos escritórios regionais, eu tenho feito consulta aos setores majoritários de cada região, para saber se há satisfação com o trabalho do nosso dirigente que lá está. Se há necessidade de mudar, vamos mudar e apresentar novos nomes na nossa chapa, mas sempre com respaldo do setor profissional. Como eu disse, quem não tem esse tipo de representatividade não faz parte da nossa equipe.
– O que o sr. espera do 8º Congresso Nacional da Força Sindical?
DANILO – Acho da maior importância a reafirmação do caráter plural da nossa central. Não podemos nos ligar a esse ou aquele partido, ainda que tenhamos dirigentes que façam parte de organizações partidárias. Eu mesmo sou dirigente estadual do Solidariedade, responsável pela seção sindical. Num momento de divisão entre o que quer o partido e o que exigem os trabalhadores, não tenho dúvida de ficar com os trabalhadores. A missão sindical é mais forte para mim. Acho que isso tem de prevalecer em todos os cargos da nossa central. Ela deve ser politicamente a mais arejada possível, porque essa é a nossa proposta original e porque foi assim que nós crescemos. Temos de prestar atenção no exemplo da CUT, que tem passado maus bocados pela ligação atávica que tem com o PT. Não podemos cometer esse erro, se quisermos preservar nossa autonomia. Acredito que os dirigentes e o plenário do nosso Congresso, que irá mobilizar mais de 5 mil delegados em todo o Brasil, nas diversas etapas de debates, saberá travar essa discussão de forma fraterna, mas com muita profundidade e sinceridade. Teremos muito o que discutir para levar à Força Sindical à condição de central sindical mais representativa do Brasil.
Fonte: BR 2 Pontos.