amentamos também a dor de conselheiros e conselheiras que perderam parentes queridos ou que foram afetados(as) diretamente no exercício desta função de relevância pública em prol do SUS
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) vem a público manifestar profundo lamento diante das perdas que brasileiros e brasileiras tiveram desde o início da pandemia de Covid-19 até aqui. Chegamos ao triste número de 50.667 óbitos no último domingo (21/06), um número evitável se o Sistema Único de Saúde (SUS) não estivesse desfinanciado e se o Estado e as autoridades governamentais tivessem assumido a responsabilidade de coordenar as ações de enfrentamento à Covid-19, respeitando as medidas adequadas, orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como a maioria dos países fizeram.
Este número representa as milhares de histórias de vida subtraídas pelo descaso, omissão, negligência e autoritarismo do poder público. São sorrisos que entes queridos não verão mais iluminar o dia, são olhos que não brilharão mais diante das conquistas, são abraços que não trarão mais o aconchego e a paz de quem a gente ama ou conhece. São famílias desestruturadas por um projeto de país que violentamente finge não enxergar a realidade, incitando o risco de adoecimento e morte, numa falsa normalidade. Mas a história não perdoará o descaso com as vítimas da Covid-19 no Brasil.
Os nomes das autoridades, que poderiam escrever essa trama real de outra forma, estarão registrados para sempre não por feitos louváveis, mas pela agonia e pela dor que causaram ao povo brasileiro. Porém, as marcas irreparáveis, sob hipótese alguma, nos impedirão de lutar. A dor e o martírio destas vidas perdidas, somados à angústia das famílias afetadas, nos coloca a responsabilidade de seguir exigindo uma administração pública ética em prol da vida.
Também tivemos conselheiros e conselheiras que perderam parentes queridos ou que foram afetados(as) diretamente no exercício desta função de relevância pública em prol do SUS e da vida. Essa dor nos atravessa não só enquanto instituição democrática, mas enquanto pessoas que compõem o controle social brasileiro e que seguirão dedicando suas vidas para construirmos um país mais solidário, com desenvolvimento social sustentável, com poder popular, com saúde pública, gratuita e de qualidade para todos e todas.
Os danos ficarão para sempre impregnados nas mãos de quem vêm cometendo esse grave atentado ao povo brasileiro. Mas a fadiga situacional não pode aniquilar nossos afetos, nossos espaços sensíveis de empatia e trocas rumo a um país melhor. Por isso, expressamos nossa solidariedade a todas as pessoas que perderam quem amam e também a todas as 1.084.873 pessoas já infectadas pelo vírus. A esperança e expectativa de qualquer paciente e de suas famílias é de que possam retornar aos seus lares com saúde e retomarem suas vida.
Estamos aprendendo com tudo isso, seguiremos nos cuidando e orientando que, quem puder, siga praticando o distanciamento social e as medidas de proteção individual e coletiva. O CNS não vai parar de fazer o que for possível para alcançarmos a justiça social e sairmos dessa pandemia ainda mais fortes enquanto sociedade brasileira.
Conselho Nacional de Saúde (22/06/2020)