A Matéria da capa da Folha “Por mais verba, centrais podem apoiar Temer em reformas”, de sábado, 25, distorce fatos e induz o leitor a julgar que as centrais sindicais envolvidas nas negociações das reformas da previdência e trabalhista estão dispostas a aliviar a forte pressão exercida sobre o governo em troca de mais verba sindical. Isso não é verdade. Eu estive na reunião noticiada na matéria, com o presidente Michel Temer, junto com os deputados federais Paulinho da Força SD-SP e Bebeto PSB-BA. Em nenhum momento falamos em troca com o governo.
Inclusive a conversa entre as centrais Força Sindical, CSB, Nova Central, e UGT, sobre o financiamento das entidades sindicais, na qual concluímos que seria melhor se este debate ocorresse junto com o debate sobre as reformas Previdenciária e Trabalhista, ocorreu antes desta reunião com o presidente da República.
Levantamos, entre as centrais sindicais citadas, a importância de abordar a questão do financiamento sindical devido a uma decisão do STF que retira a contribuição dos não associados, o que levará uma brutal diminuição do orçamento das entidades de classe. Em nossa opinião isso é uma contradição, uma vez que, no Brasil, todos os trabalhadores, sócios e não sócios, se beneficiam dos acordos e convenções coletivas firmados pelos sindicatos.
Propor mudanças na legislação, fortalecendo o negociado sobre o legislado e, ao mesmo tempo, diminuir a verba para as entidades de classe, nos leva a uma única conclusão: quem se beneficia é o patronato.
João Carlos Gonçalves, Juruna
Secretário-geral da Força Sindical e
vice-presidente Sindicato Metalúrgicos SP